A construção civil é atividade que gera enorme volume de dados e envolve profissionais de diferentes áreas. Para que um empreendimento se conclua de maneira eficaz, é preciso promover comunicação ágil e inteligente, com a troca e o compartilhamento de todos os elementos necessários para o empreendimento. O BIM – Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção) surge como novo conceito quando se trata de projetos para construções. A tecnologia permite não apenas a visualização de uma maquete digital da obra como também a inclusão de informações detalhadas sobre o empreendimento, a sua estrutura, o seu funcionamento e os seus objetos.
O processo em BIM trabalha com modelos 3D e agrega todas as partes envolvidas no planejamento de uma construção, fornecendo informações aprofundadas sobre cada detalhe da obra, como questões hidráulicas, elétricas, estruturais e arquitetônicas etc. O sistema representa redução de custos na obra, transparência no planejamento e precisão nos custos e cronogramas, por isso proporciona maior eficiência e confiabilidade, já que com ele é possível antever problemas que só poderiam ser percebidos nos canteiros de obras. Além de identificar possíveis problemas ainda na fase de projeto, ou seja, antes da execução da obra.
De acordo com Carla de Paula Amaral Macedo, vice-presidente de comunicação e recursos associativos da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais de Minas Gerais (Abrasip-MG), dessa maneira, é possível informar precisamente tudo o que será necessário para a construção. Mas, para dar certo, ela deve estar ligada à mudança de cultura em toda a cadeia da construção civil. “É uma metodologia, e a primeira visão se faz necessária uma mudança de paradigmas. Não só uma aprendizagem de softwares, mas todo um processo de concepção de projetos, já que o BIM envolve todas as pessoas e disciplinas que fazem com que um empreendimento saia do papel, indo do processo sequencial para o processo de engenharia simultânea”, pontua.
Entre os maiores benefícios do BIM na construção estão a melhoria da visualização do projeto e da comunicação da intenção do projeto; melhoria da colaboração multidisciplinar, além da redução do retrabalho. “O processo fornece informações precisas e relevantes ao longo do ciclo de vida de um edifício. No projeto são incluídas peças informativas, com os parâmetros geométricos, mas também identificados quais materiais serão utilizados para a edificação daquele elemento, as propriedades térmicas e acústicas e os custos envolvidos. Desde o processo criativo até a questão estrutural”, ressalta Carla Macedo. Com informações atualizadas, a obra dificilmente terá sobra de matéria-prima e evitará os desperdícios que podem causar prejuízos em diferentes aspectos da construção. “Além de contribuir para uma obra mais assertiva, com menos aditivos de obras por erros de análise”, pontua a vice-presidente.
ARQUITETURA
O BIM vem, também, revitalizando a forma e a concepção nos processos arquitetônicos. Enquanto os desenhos nas pranchetas e o CAD permitem uma ideia, sem distinguir os elementos, esse sistema de dados incorpora outras dimensões, permitindo gerenciar a informação de forma inteligente ao longo do ciclo de vida de um projeto. “É o sistema automatizando processos de programação e projeto conceitual. É uma evolução das pranchetas e do AutoCad. Ele modela de forma tridimensional e simula todas as fases do projetos, como as questões hidráulica, acústica e elétrica. O que alavanca a evolução da arquitetura e a materialização do projeto. O BIM não se torna apenas uma ferramenta de consulta, mas de todas as condições de obra”, comenta Luiz Antônio Gazzi, arquiteto, urbanista e sócio-diretor da Arquitetura Oscar Ferreira.
O processo possibilita o compartilhamento, a simulação, a modelagem e a dinâmica de tomada de decisão. “Em nossa cultura de construção ainda existe uma operação muito artesanal. E estamos no caminho para uma construção mais industrializada. O BIM surge para potencializar esse processo”, pontua Luiz Gazzi.
De acordo com Luiz Antônio, esse processo traz oportunidade de agregar maior qualidade e mais eficiência aos projetos arquitetônicos. “Ele muda muitas situações com esse rompimento do tradicionalismo, além de aproximar o arquiteto em todos os processos da obra. Com o BIM, o projeto de arquitetura é mais trabalhado e há análise mais profunda de possíveis interferências técnicas, já que, com o sistema, tudo é visto antecipadamente. Isso gera maior eficiência e margem de acertos maior”, avalia o arquiteto.
Fonte: https://estadodeminas.lugarcerto.com.br