Entusiasmado com o crescimento de 53% nas vendas de imóveis no Recife em 2017, o mercado imobiliário de Pernambuco já comemora o período de recuperação, com a redução de estoques e anúncio de lançamentos. Já para quem quer comprar a casa própria, as entidades do setor garantem que o primeiro semestre deste ano é o momento ideal, uma vez que os bancos reduziram as taxas de juros para financiamento imobiliário e os preços dos imóveis devem, por enquanto, permanecer sem grandes alterações.
Somente na Região Metropolitana do Recife, a expectativa da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), é de que pelo menos 18 empreendimentos sejam lançados ao longo de 2018, sobretudo a partir de agosto. “A gente entende que neste primeiro semestre haverá uma redução das promoções, mas ainda assim as vendas serão significativas, contribuindo para diminuir o estoque. Os lançamentos virão principalmente na virada do semestre, com preços corrigidos. Quem tem a oportunidade deve fechar negócio agora, porque os preços ainda estão baixos”, afirma o presidente da associação, Gildo Vilaça. De acordo com dados da Imobiliária Paulo Miranda, no início deste ano, foi registrado um aumento de 25% no faturamento com vendas de imóveis e uma queda de 30% no estoque, que fechou o ano passado em 13.672 unidades. Também houve redução significativa dos distratos perante as incorporadoras. “Cidades como Camaragibe, São Lourenço, Paulista e Cabo de Santo Agostinho vêm sendo fortemente exploradas pelo mercado com produtos do programa Minha Casa Minha Vida. Apesar da realização da Copa do Mundo e das eleições neste ano, as incorporadoras estão animadas com o novo cenário econômico (de juros reduzidos e controle da inflação) e estão se programando para a realização de vários lançamentos até o fim do ano”, confirma a diretora de marketing da imobiliária, Renata Miranda. O índice FipeZap, que acompanha o preço médio do metro quadrado de apartamentos prontos em 20 cidades brasileiras, com base em anúncios da internet, aponta que a capital pernambucana registrou este ano uma variação de 0,40% nos preços. Entretanto, no último mês de abril, essa variação passou a ser negativa (-0,26%), segunda maior queda nominal no preço médio das cidades pesquisadas. No mês passado, o preço médio do metro quadrado estava orçado em R$ 5.910, enquanto o valor médio de venda dos imóveis residenciais nas 20 cidades monitoradas foi de R$ 7.546/m². Os valores estão em consonância com os registrados pela Paulo Miranda, que avalia o preço médio dos imóveis entre 100 m² e 130 m² em R$ 700 mil, variando entre R$ 5 mil e R$ 6 mil por metro quadrado. Já para os imóveis de alto padrão, com variação de 180 m² a 250 m², o valor do metro quadrado chega à casa dos R$ 10 mil; e o do imóvel, a R$ 1,8 milhão.
Ainda segundo a imobiliária, bairros da Zona Oeste, como Madalena, Prado e Várzea, além de Casa Forte, na Zona Norte, Boa Viagem e Pina, na Zona Sul, e o Centro do Recife, mais especificamente a Rua do Aurora, são as regiões da capital que vão receber mais lançamentos. Já entre os bairros mais valorizados, estão Boa Viagem, Pina, Jaqueira, Parnamirim, Casa Forte e Apipucos. A alta de 53% nas vendas no Recife, acima do crescimento no País (9,4% em 2017), segundo relatório da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), não é um movimento isolado. Dados da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), divulgados em abril, revelam que as vendas realizadas no primeiro bimestre deste ano no Brasil (15.935 unidades) já são maiores que os volumes comercializados no início de 2015, 2016 e 2017, mas ainda estão abaixo dos números de 2014, quando 19.866 unidades foram vendidas no mesmo período. “Os imóveis do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV)foram os grandes responsáveis pela alta nas vendas dos imóveis. Somente nesse segmento, o crescimento foi de 27% nos últimos doze meses. Já os imóveis de alto padrão tiveram uma queda de 9,2% nas vendas. No cenário nacional, fora do MCMV, as vendas ainda não se recuperaram, mas os lançamentos já começaram a surgir, com a estabilidade dos preços”, justifica o gerente de projetos da Abrainc, Paulo Lomonaco.
O governo já estuda a ampliação do MCMV, com o remanejamento de recursos e injeção de dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A ideia é beneficiar famílias mais carentes, especialmente as da faixa 1 do programa – que têm renda familiar de até R$ 1,8 mil e pagam prestações mensais entre R$ 80 e R$ 270 por até 120 meses. Algumas das opções também contemplam a ampliação do número de casas da faixa 1,5 – com renda entre R$ 1,8 mil e R$ 2,6 mil. Atualmente, o governo prevê 650 mil unidades habitacionais em 2018 para todas as faixas. Crédito – Nos primeiros três meses de 2018, segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte, o financiamento imobiliário cresceu em todo o País, motivado, entre outros fatores, pela redução dos juros. “De janeiro a março, o volume de empréstimos no segmento imobiliário cresceu 11%. Pernambuco tem papel de destaque, com crescimento de 19%, acima do nível nacional. Em 2017, foram financiados R$ 217,6 milhões entre janeiro e março. Este ano, no mesmo período, já chegamos a 258,1 milhões. Muito disso se deve à queda dos juros, que, além de aquecer a economia, também favorece a poupança, que por sua vez rende mais crédito para ser emprestado”, explica Duarte.
A entrada líquida de poupança foi a sexta melhor da série histórica no ano passado. “A liberação dos compulsórios da poupança também liberou mais dinheiro para os bancos emprestarem”, diz. Após seguidos cortes feitos pelo Banco Central, a taxa básica de juros Selic está em 6,50%. Isso impulsionou a redução dos juros por parte dos bancos no segmento imobiliário. No mês passado, a Caixa reduziu em 1,25% sua taxa mínima para o Sistema de Financiamento de Habitação (SFH) e passou a cobrar a partir dos 9%. Já para o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), a taxa caiu para os 10%. No Banco do Brasil, a taxa de juros foi reduzida no dia 24 de abril, passando de 9,24% para 8,99% ao ano no SFH, e de 10,15% para 9,35% no SFI. No ItaúUnibanco, a taxa de juros no SFH está em 9% e no SFI, em 9,5%. Santander tem como taxa mínima 8,99% no SFH e 9,49% no SFI. O Bradesco apresenta a menor taxa de juros do mercado no SFH, 8,85%, e no SFI, 9,3%.
Fonte: https://www.ibrafi.org.br/